Pode um gene humano ser propriedade privada?
Há muitos anos que me tenho manifestado contra a objetivação do corpo que legitima a sua transação, assuma ela a forma de prostituição ou venda de órgãos. Os dias que correm provam que as minhas preocupações tinham razão de ser: soube há pouco que uma empresa ligada a biotecnologia pretende patentear um gene humano. A ser autorizado, a empresa tem o exclusivo de usar esse gene e cobrar por qualquer químico que sobre ele aja. Ainda que sejam produtos de combate a determinadas doenças, como o cancro. A ser autorizado, o próprio diagnóstico e estudo do gene estaria dependente da autorização da detentora da patente. Ou seja, a pessoa humana estaria dependente da autorização dessa empresa para fazer um determinado tratamento, caso fosse possuidor desse gene. Isto é grave e traz-me à memória o comércio do corpo humano, não apenas na forma da escravatura, mas as próprias fábricas da morte nazis. Ora, quando relativizamos valores, corremos estes riscos. Desconhecemos sempre o que nos reserv