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A mostrar mensagens de julho, 2013

Pode um gene humano ser propriedade privada?

Há muitos anos que me tenho manifestado contra a objetivação do corpo que legitima a sua transação, assuma ela a forma de prostituição ou venda de órgãos. Os dias que correm provam que as minhas preocupações tinham razão de ser: soube há pouco que uma empresa ligada a biotecnologia pretende patentear um gene humano. A ser autorizado, a empresa tem o exclusivo de usar esse gene e cobrar por qualquer químico que sobre ele aja. Ainda que sejam produtos de combate a determinadas doenças, como o cancro. A ser autorizado, o próprio diagnóstico e estudo do gene estaria dependente da autorização da detentora da patente. Ou seja, a pessoa humana estaria dependente da autorização dessa empresa para fazer um determinado tratamento, caso fosse possuidor desse gene. Isto é grave e traz-me à memória o comércio do corpo humano, não apenas na forma da escravatura, mas as próprias fábricas da morte nazis. Ora, quando relativizamos valores, corremos estes riscos. Desconhecemos sempre o que nos reserv

Política e participação

Tenho dado por mim a pensar sobre as razões da indiferença e da falta de participação dos cidadãos na política. E vou descobrindo que tal se deve a múltiplos motivos. Mas aquele que me parece maior e que mais me preocupa prende-se com a perceção de que as decisões, tomadas pelo poder político - que em Portugal tem o exclusivo da intervenção política - são sugeridas por lóbis e por interesses obscuros. Esta perceção leva a que as pessoas questionem sobre a importância e validade do seu voto no processo de tomada de decisão, uma vez que o sistema político português assenta numa partidocracia efetiva, ainda que não assumida. Para que esta lógica se inverta, vejo apenas uma solução: chamar as pessoas para os processos de decisão, fomentado a participação, organizada ou não, dos cidadãos. Não vejo solução que não passe pelo aumento do peso da democracia participativa.

A Madeira que vive em mim tem uma imagem antropomórfica, tem um espírito, uma alma e uma consciência

A lembrar a Madeira, no seu dia, recupero um texto escrito há uns anos: Contra a minha racionalidade religiosa, convivo, desde sempre, com um certo misticismo bretão, druídico, que me permite reconhecer o espírito da terra. Por isso, a Madeira para mim não é apenas uma ilha, não é apenas um local, não é uma simples referência geográfica. A Madeira que vive em mim tem uma imagem antropomórfica,  tem um espírito, uma alma e uma consciência. Por ela sou uma espécie de Átis que ama e vive para a sua deusa Cibele. Submeto-me a ela com a pequenez de um humano, ante a grandeza da divindade. A Madeira é minha utopia, é a representação terrena do paraíso, é o meu delírio onírico, é a minha maior paixão. Por tudo isto sinto que nunca saí da Madeira. É verdade que estive - e, por mais um acaso dos destino, permaneço – deslocado. Mas nunca esse deslocamento representou uma ausência. Não teria sido possível. Não para mim. E foi assim que dei comigo em Coimbra, com a esperança e optimismo que se pr