Helena Marques
Apaixonei-me pela escrita da Helena Marques há já quase 20 anos, quando lhe li, pela primeira vez, O último cais (“Marcos deixou-se amar, sorveu nela o apaziguamento e a paz, a companhia e o prazer”, ou ainda aquela outra passagem, sobre o ato de amor entre Carlos e Raquel, talvez uma das melhores descrições feitas até hoje por autores portugueses que, frequentemente, tendem a cair na pornografia). O enredo, o contexto (a ilha, a sua história e as suas inúmeras histórias) e a escrita apaixonada deixaram-me fã. A admiração pela sua escrita foi sendo aprofundada pelo Terceiras Pessoas e pel’A deusa sentada, pois mantinha-nos com aquela impressão violenta da paixão que, decididamente, marca a sua escrita. Fiz um interregno de alguns anos e voltei-me a cruzar com a autora n’O Bazar alemão e mais uma vez lhe descobri a escrita exaltante e exaltada. Passaram-se mais uns anos e recentemente li Os ibis vermelhos da Guiana e Ilhas Contadas. Ora, se o talento está bem presente em cada