ÁFRICA DO SUL E O LEGADO DE MANDELA Opinião | 12/07/2018 15:16
Há alguns anos li a “Desgraça”, de J. M. Coetzee e fiquei com a sensação de que há uma história pós-apartheid, de violência, racismo, punição e expiação que ainda falta contar. Poder-se-ia dizer que “Desgraça” é a estória do declínio de um homem branco, um professor universitário, um intelectual, na África do Sul. E seria verdade. Mas o que é verdadeiramente relevante, neste livro, é a imagem da violência racial que parece manter-se naquele país. A violação da filha do professor Lurie não é um ato de violência de género. O ódio que ela vê nos rostos dos homens revela que eles “apenas” estão a cobrar aquilo que acham que têm direito. E fazem-no impunemente, não apenas porque as autoridades não são capazes de o impedir, mas porque parte da comunidade encobre os crimes. Há uma penitência para os brancos que querem viver na nação do arco-íris. E ninguém está dispensado de a pagar. Mas se impressiona a atitude de parte da comunidade perante este “castigo” que alguns acham que