DAS ILHAS, AS MAIS BELAS E LIVRES*



Por esse Mundo além
Madeira teu nome continua
Em teus filhos saudosos
Que além fronteiras
De ti se mostram orgulhosos.
Por esse Mundo além,
Madeira, honraremos tua História
Refrão do Hino da Madeira

Celebrou-se a 1 de julho o dia da Madeira e das Comunidades Madeirenses e ninguém o sente de forma tão intensa quanto aqueles que vivem fora da Região.
O sentimento de pertença; a saudade da família, dos amigos, de todos aqueles que se deixou para trás; mas também a saudade das paisagens, dos aromas, dos sabores, do mar, exponenciam o orgulho de ser madeirense.
Como filhos orgulhosos desta Região, os nossos emigrantes e os seus descendentes mantêm o cordão umbilical que os liga às suas origens e, de forma apaixonada, acompanham tudo o que diz respeito a estas ilhas. Não esqueço e o carinho com que netos e bisnetos de madeirenses, que emigraram para as ilhas do Mar das Caraíbas, redescobrem agora a terra dos seus antepassados. Ou o sorriso apaixonado que aflora os lábios de jovens americanos, quando trauteiam versos de Max, ao dançar o Bailinho da Madeira. Jovens esses que, recordo, não sabem falar português!
Daí a importância das autoridades regionais estarem junto da Diáspora no dia de exaltação da madeirensidade. A deslocação de um membro do Governo Regional às nossas comunidades por ocasião desta data é sempre considerada como uma valorização das mesmas porque permite o contacto de proximidade com estes nossos conterrâneos e, também, com as autoridades locais e as nossas representações diplomáticas e consulares nesses países.
Este Governo tem-no feito regularmente, tendo estado já com as comunidades da República Sul-Africana, do Reino Unido, dos Estados Unidos e na Venezuela. Como é evidente, não é possível estar com todas as nossas comunidades em todos os dias da Região, pelo que os membros de Governo vão se revezando nos locais a visitar não sendo, infelizmente, possível participar em todas essas manifestações de amor à terra.
Mas se todas as comunidades, de facto, celebram de forma efusiva a data e valorizam a participação das autoridades regionais, que lhes levam amizade, solidariedade e um abraço fraterno do povo que representam, a verdade é que este ano não poderíamos deixar de estar junto daquela que atualmente mais sofre. Falo, naturalmente, da nossa querida comunidade na Venezuela. A situação de instabilidade e a crescente deterioração socioeconómica que se vive naquele país tem causado muito sofrimento a toda a população, onde se inclui a nossa comunidade.
Daí a atenção e a apreensão com que olhamos para o que lá se passa. Desde o primeiro momento que o Governo Regional tem estado acompanhar a situação, quer dos madeirenses que ali residem, quer dos que estão a regressar. Já lá estiveram três delegações madeirenses, nos últimos três anos. O Secretário Regional de Educação, que tem a tutela das Comunidades, uma vez mais, marcou presença nas celebrações do Dia da Região deste ano e levou na bagagem uma mensagem de esperança e de confiança: a esperança de que os problemas sejam rapidamente ultrapassados, para bem desse grande país, e a confiança de que a comunidade madeirense e luso-descendente será parte dessa solução.
Estas foram, também, umas celebrações especiais porque no ano transato, devido às circunstâncias excecionais vividas na Venezuela e pela primeira vez em 28 anos, não foi celebrada esta importante data.
Pelo mundo fora, estimamos ter cerca e 1 milhão de madeirenses. É muito difícil ter números precisos de quantos madeirenses existem espalhados pelas diversas comunidades. O que temos são estimativas que resultam da informação recolhida pelo Centro das Comunidades Madeires e Migrações, baseada no conhecimento das próprias comunidades, cruzada com a dos postos consulares e complementada pelas estatísticas oficiais dos países de acolhimento, em matéria de mobilidades humanas. A dinâmica e complexidade do fenómeno torna impossível a exatidão dos números. A Constituição da República Portuguesa, no seu artigo 44º, nº 2, confere a todos os portugueses o direito de emigrar ou de sair do território nacional bem como o direito de regressar. Muitas vezes não se registam no Consulado de Portugal do país de acolhimento escolhido para viver e trabalhar.
Também, e devido a vários fatores de instabilidade nalguns países de acolhimento, sabemos que muitos dos nossos conterrâneos de 2ª e 3ª geração saem para outros países.
Pelo seu empreendedorismo, capacidade de trabalho e de sacrifício e pela qualidade e empenho que revelam em todas as atividades em que se encontram envolvidas, as comunidades madeirenses são extremamente valorizadas e acarinhadas pelas comunidades de acolhimento. Não existem, portanto, problemas que afetem em especial as nossas comunidades. O que acontece é que elas, como parte integrante das sociedades, sofrem dos mesmos problemas que os demais cidadãos. É isso que acontece na Venezuela, mas também no Reino Unido, com ansiedade com o Brexit ou na África do Sul, fruto de alguma instabilidade política que se tem vindo a instalar nos últimos.
Contudo, não tenho dúvidas: os que partiram são os melhores de nós, porquanto mais ousados e mais corajosos. E é essa qualidade que se inscreve no seu ADN que me faz ter confiança de que continuarão a prosperar e a alcançar o sucesso. Ainda que, para sempre, de coração saudoso, além-fronteiras honrarão a história, a cultura e os valores que carregam aos ombros mas que também lhes confere essa identidade de que tanto os orgulha: serem madeirenses!JM

*Divisa presente no listel do Brasão da Região Autónoma da Madeira

 Opinião | 04/07/2018
https://www.jm-madeira.pt/opinioes/ver/1447/Das_ilhas_as_mais_belas_e_livres

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