Da absurda semelhança dos partidos do sistema
Opinião | 24/11/2017 Não sou um grande leitor de Saramago: li apenas 4 ou 5 livros do autor. Mas a mulher que me acompanha há 20 anos é. E, há dias, numa conversa sobre algumas das consequências advindas do resultado das eleições autárquicas, falou-me do “Ensaio sobre a Lucidez”, do nobel português. Genericamente, o livro versa sobre os efeitos que decorrem de uma massiva votação em branco. Se a esmagadora maioria dos eleitores votasse em branco, o que é que isso significaria? Seria uma manifestação de lucidez do povo, cujo nível de exigência o leva a rejeitar todas as propostas eleitorais que lhe são apresentadas? Ou, por outro lado, apenas revela o seu alheamento? Seja como for, nem é esta dimensão que me interessa abordar. O que me parece interessante é o aparente vazio de poder que daqui decorre. Se nenhuma força política tem legitimidade para governar, não estarão todas elas condenadas ao entendimento, de forma a viabilizar um governo composto por todos? Ora, ne