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Da absurda semelhança dos partidos do sistema

Opinião | 24/11/2017 Não sou um grande leitor de Saramago: li apenas 4 ou 5 livros do autor. Mas a mulher que me acompanha há 20 anos é. E, há dias, numa conversa sobre algumas das consequências advindas do resultado das eleições autárquicas, falou-me do “Ensaio sobre a Lucidez”, do nobel português. Genericamente, o livro versa sobre os efeitos que decorrem de uma massiva votação em branco. Se a esmagadora maioria dos eleitores votasse em branco, o que é que isso significaria? Seria uma manifestação de lucidez do povo, cujo nível de exigência o leva a rejeitar todas as propostas eleitorais que lhe são apresentadas? Ou, por outro lado, apenas revela o seu alheamento? Seja como for, nem é esta dimensão que me interessa abordar. O que me parece interessante é o aparente vazio de poder que daqui decorre. Se nenhuma força política tem legitimidade para governar, não estarão todas elas condenadas ao entendimento, de forma a viabilizar um governo composto por todos? Ora, ne

Estudos de opinião em política: ferramentas de diagnóstico ou de criação de opinião? JM: 02/11/17

Li, aqui há um par de anos, umas declarações de um sociólogo que atribuía o falhanço das sondagens, nas eleições legislativas britânicas, ao receio das pessoas parecerem politicamente incorretas. A tese defendia que as pessoas estão demasiado condicionadas pelo pensamento mainstream e temem que as suas opiniões contribuam para as catalogar como intolerantes, antiquadas, radicais, desajustadas, injustas, ingénuas, pouco inteligentes e/ou desinformadas. De acordo com a teoria, os cidadãos promovem a autocensura, intuindo que há coisas que não podem ser ditas. Posto isto, quando inquiridas pelas empresas de sondagens, as pessoas, com receio da estigmatização, dizem aquilo que consideram ser o que de si esperam e não aquilo que realmente pensam ou sentem. Nesse artigo, chamava-se a atenção para a aparente “espiral do silêncio” (teoria de Elisabeth Noelle-Neumann), de acordo com a qual as pessoas deixam-se modificar pela perceção que têm sobre aquilo que maioria pensa. Com receio de algum i

Voto dos emigrantes nas eleições regionais: um direito da “nona ilha” Opinião | 05/10/2017 JM

O direito ao voto para as eleições legislativas regionais é uma aspiração tão antiga quanto legítima e justa dos nossos emigrantes espalhados pelo mundo. Em agosto passado, teve lugar a primeira reunião do Conselho da Diáspora Madeirense – órgão consultivo do Governo Regional que integra 21 representantes, provenientes das principais e mais relevantes comunidades madeirenses espalhadas pelo mundo. Dessa reunião emanou um conjunto de conclusões importantes para a definição de políticas, quer por parte dos órgãos regionais, quer por parte da República Portuguesa. Dessas, a mais importante recomendação política terá sido a 6ª, em que foi considerado que “(…) fiel ao espírito dos princípios constitucionais que consagraram a Autonomia Político-Administrativa da Madeira, deve ser conferida aos Madeirenses que aprofundam a Região no Mundo, o direito ao voto nas eleições legislativas regionais”. Mais acrescentou que numa comunidade que é apresentada simbolicamente como a que a “nona ilha”, é