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A mostrar mensagens de abril, 2021

“ENTRE FALAR E FAZER HÁ MUITO QUE DIZER” Opinião | 12/03/2021 08:01

  Recentemente, um amigo foi alvo da maledicência de um perfil falso, numa rede social. Há já algum tempo, o JM publicou um artigo sobre a existência de uma multiplicidade de perfis falsos que povoam as redes sociais, a blogosfera e as caixas de comentários dos órgãos de comunicação social. O caso do meu amigo (e de tantas outras vítimas) e a reportagem do JM revelam a realidade incontornável que foi a transposição para o meio virtual daquilo que é uma prática comum e secularmente enraizada na nossa sociedade: a maledicência.  As TIC apenas vieram amplificar esta prática, porquanto permitem a intriga, a ofensa, a agressão, a calúnia e a difamação no absoluto e cobarde anonimato. Há quem atribua esta nova prática (maledicência anónima digital) a um certo condicionalismo a que a sociedade madeirense estará sujeita devido a séculos de canga (conforme imortalizada por Horário Bento de Gouveia) e à repressão de que foi alvo e que oprimiu o povo madeirense. Reconhecendo essa opressão, não vo

PERCEÇÃO E REALIDADE Opinião | 09/04/2021 08:03

  O professor Carlos Jalali, director do departamento de Ciência Política da Universidade de Aveiro, em 2019, deu uma entrevista ao Público onde afirmou que “o que vemos no debate público hoje em dia é que os referenciais comuns, que nos permitiram juntar as diferentes perceções e tentar olhar para a complexidade do problema, estão a desaparecer. Está a desaparecer a complexidade e a perceção é cada vez mais dicotómica, simplista”. De facto, parece que a perceção cada vez mais se sobrepõe à realidade, entendida como multiplicidade de perceções individualizadas, devidamente agregadas e consensualizadas. Pelo contrário, a simplificação, a opinião desinformada, não sujeita a contraditório, ganha cada vez mais terreno. Uma das principais causas é o acesso direto a factos, sem a mediação dos órgãos de comunicação social tradicionais. O “cidadão-jornalista” faz emergir o “cidadão-ignorante”, mas desta feita um “cidadão-ignorante-atrevido”, que julga saber e que se coloca ao mesmo nível que o