A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação ensina-nos a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las.
Vejo por aí muitos indignados com a indignação,
tristeza e revolta de outros pelo que se passa em Alepo.
Pela minha parte quero deixar claro que sinto revolta
e angústia sempre que vejo um ser humano em sofrimento. Ainda para mais se o
sofrimento for provocado por ações violentas de outrem. E se as vítimas forem
crianças, a minha angústia cresce exponencialmente.
É verdade, quando assisto a um vídeo de um pai a
despedir-se do filho, ou de uma adolescente a despedir-se do mundo, sou incapaz
de calar a revolta e a indignação.
Sim, confesso que me entristece assistir a tragédias
reais. E não tenho problema em manifestar essa minha opinião. Porque também
acho que quanto mais pessoas tiverem conhecimento, quanto mais pessoas se
indignarem, menos atrocidades permanecerão ignoradas e impunes. Se a indignação
subir à garganta das multidões, com certeza será mais difícil a inação.
Mas, ainda que assim não fosse, creio que é a
capacidade que ainda tenho para me indignar que me afasta do cinismo.
Os cínicos acusam os indignados de hipocrisia, como se
não fosse a indignação o móbil para a ação e para a coragem. Como se o cinismo
tivesse sido, alguma vez, o motor da história. Lembro as palavras de Santo
Agostinho:
“A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a
coragem; a indignação ensina-nos a não aceitar as coisas como estão; a coragem,
a mudá-las.”
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