A AUTONOMIA VENDIDA POR UM PRATO DE LENTILHAS Opinião | 29/11/2018 08:28
Os governos socialistas em Lisboa convivem mal com as opções políticas dos madeirenses.
O secular desejo de liberdade e a aspiração para decidir sobre o seu próprio futuro, características muito próprias deste povo, sempre deixou um amargo de boca ao PS, que tem muitas dificuldades em aceitar a autonomia e o princípio da subsidariedade. Prova disso são as constantes interpretações restritivas e centralistas da maior parte de juristas e constitucionalistas afetos ao PS, no que toca aos direitos consagrados da Constituição da República e no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma das Madeira. Em caso de dúvida – e, até, muitas vezes, sem ela! – a decisão é sempre colonialista e a favor do centralismo político de Lisboa.
A vontade indomável das gentes desta terra, que não se deixa agrilhoar e recusa e combate as imposições exteriores, é algo que o PS não perdoa. Para a história ficam as contínuas menorizações do povo madeirense sempre que este deu maiorias esmagadoras ao PSD-Madeira; o paternalismo bacoco e provinciano para connosco, apenas porque nunca reconhecemos qualidade, projeto ou visão ao PS; décadas de sabotagem ao desenvolvimento regional, que atingiu o seu auge em 2007, com a infame Lei das Finanças Regionais, do igualmente infame José Sócrates, que impôs um garrote financeiro à Madeira.
Ao longo dos anos, ouvimo-los dizer que a sua senha persecutória e vingativa não era para com a Madeira e os madeirenses, mas para com Alberto João Jardim e com a forma como, alegadamente, destratava as instituições da República e a oposição regional, pondo e dispondo, como bem entendia, do conforto que as maiorias eleitorais lhe concediam.
Ora, com esta geringonça que constitui a maioria de suporte ao Governo da República, essa teoria cai por terra.
António Costa, com a sua obsessão em derrotar eleitoralmente o PSD-M e constituir, finalmente, uma maioria socialista na Madeira, comandada a partir de Lisboa, recorre a todos os instrumentos ao seu dispor para violar os direitos e as legítimas aspirações dos madeirenses. Assistimos a um cerco da esquerda – que nesta obsessão, infelizmente, o PS parece não estar só – como nunca se viu antes. A mais recente evidência foi o tergiversar vergonhoso dos deputados socialistas em torno de questões fundamentais para os madeirenses, como a mobilidade aérea e marítima, a taxa de juro usurária que a Madeira paga a Lisboa, ou o financiamento do novo hospital.
Mas se tudo isto é verdade, certo é que não deixa de ser surpreendente o posicionamento do PS-Madeira que, talvez como nunca, se verga aos ditames de Lisboa e vende a autonomia da Madeira por meia dúzia de patacos, com a esperança de finalmente tomar de assalto o poder na Região. Traindo todos os madeirenses que lutaram pela Autonomia - muitos deles, socialistas -, a atual liderança do PS está disponível para ceder em todas as conquistas do povo madeirense, se isso servir a sua estratégia. Tudo vale: quanto pior para os madeirenses, melhor para o PS.
Envergonha-nos? Sim. Ofende-nos? Sim. Enfurece-nos? Mil vez sim.
O que pensam disto os madeirenses? A resposta será dada nas próximas eleições!
https://www.jm-madeira.pt/opinioes/ver/1920/A_autonomia_vendida_por_um_prato_de_lentilhas
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