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A mostrar mensagens de maio, 2020

Da hipocrisia

Defender grandes virtudes universais e fingir que não vemos os atropelos perpetrados debaixo do nosso olhar!

VIDAS EM SUSPENSO Opinião | 16/04/2020 08:29

1 - Numa recente entrevista ao Observador, António Costa garantiu que não recorrerá a medidas de austeridade para ultrapassar a grave crise económica que emergirá da crise pandémica que estamos a viver. Ora, Costa, que não é um novato nem é um político inconsciente, sabe que isto não é verdade. Mais tarde ou mais cedo, as medidas que estão a ser tomadas – e bem! - para evitar mais falências, mais despedimentos e mais crise social, terão de ser pagas. Não há almoços grátis: a estagnação da economia e a contração do PIB – que Mário Centeno admite poder chegar aos 8% mas cujo cenário pode ser bem mais trágico – impor-se-ão à ilusão. E embora podendo ajudar, também não serão os famigerados “coronabonds” – mutualização da dívida, a nível europeu, com vista à mitigação do impacto económico do novo coronavírus – a salvar-nos. Porque dívida é dívida e terá sempre de ser paga. Seja a que preço for (mesmo que as taxas de juro sejam muito baixas), a verdade é que para um país que tem

DOS NOSSOS TEMPOS Opinião | 14/05/2020 08:57

Dos nossos tempos Se há características que marcam o nosso tempo, a contradição e a incoerência - bem como a hipocrisia, que é o grande vício de ambas - são claramente duas delas. Vemo-las por toda a parte e se ousarmos ser radicalmente verdadeiros, até as encontramos em nós próprios e nas nossas ações. Em boa verdade, isto não é novo: a verdadeira condição do ser humano é o paradoxo. Em cada momento somos sempre outro, pensamos sempre diferente, vemos, ouvimos, sentimos de forma diversa daquela com que o fazíamos ainda um minuto antes. Frequentemente inserimos a contradição em atos, ideias ou afirmações aparentemente sucessivas, de encadeamento lógico. Como característica fundamental que nos institui enquanto homens, o paradoxo tem sido caracterizado e até aclamado por filósofos, poetas e profetas, que destacam essa nossa capacidade de sermos múltiplos: “Eu sou um outro” “o meu nome é legião” são apenas dois exemplos de máximas literárias que exaltam essa dilaceração que nos