FLOP CAFÔFO Opinião | 13/01/2023 08:00
Para quem acompanha a carreira política de Paulo Cafôfo não é surpresa. Mas a sua prestação como Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas tem sido um flop, a roçar o desastre. Naquele seu jeito de embrulhar o que já estava implementado, para dar a aparência de novo, vai empurrando com a barriga – por incapacidade ou incompetência – todos os verdadeiros problemas que afetam as comunidades portuguesas, espalhadas pelo mundo.
Dos
imbróglios que herdou, não conseguiu resolver um que fosse. Aliás, a esses
adicionou outros, fruto da sua forma de estar na política: anunciar em vez de
governar; publicitar em vez de decidir, abraçar em vez de resolver.
Já o
escrevi, mas repito: Cafôfo, politicamente, é precipitado, imprudente e inoperante.
Essas características são a receita perfeita para gerar problemas efetivos.
O último
foi o anúncio do voo semanal, que prometeu ser regular, entre Funchal e
Caracas. Anunciou em parangonas, dois dias antes do Fórum Madeira Global, na
tentativa de esvaziar a reunião magna das Comunidades Madeirenses, organizada
pelo Governo Regional e para a qual havia sido convidado. Claro que não o
conseguiu fazer, mas o timing escolhido para o anúncio não foi inocente.
Garantiu
que teríamos voo a partir do dia 21 de agosto, o que não veio a acontecer.
Depois, “informou” que a operação seria de apenas 6 voos charter que, de facto,
nunca chegaram a levantar voo. Mais, foi mesmo desmentido pela companhia que
alegadamente realizaria os voos, que afirmou nunca ter negociado a operação.
Neste
caso, não foi apenas precipitado, foi imprudente porque gerou espectativas
junto da comunidade madeirense, que saíram goradas, em prejuízo da vida
familiar, profissional e, eventualmente, até com prejuízos na sua vida
empresarial.
Tentou
capitalizar ganhos políticos, e anunciou aquilo que não estava autorizado a
anunciar. E, como é evidente, correu mal. E enganou, de facto, a diáspora
madeirense na Venezuela.
Por outro
lado, e ainda em relação à questão da mobilidade, não se lhe conhece uma
tentativa que seja para tentar influenciar António Costa a impor à TAP uma
escala no Funchal, no voo entre Lisboa e Caracas. Isso sim, seria útil e estava
ao seu alcance fazer. Que se saiba, nunca abriu a boca para defender a solução.
Mas se
pensa que este é o único caso de inoperância e incompetência, escusa de ficar
descansado. Os problemas nos consulados, especialmente no de Londres,
adensam-se, sendo que os nossos emigrantes têm de esperar meses por uma mera
marcação para tratarem dos seus documentos. As condições de trabalho dos
funcionários são péssimas – vencimento miseráveis que nem dão para sobreviver,
nalguns países - sistema de marcação eletrónica disfuncional, e falta de
recursos humanos são problemas para os quais o atual Secretário de Estado não
encontrou quaisquer soluções. A situação é de tal forma grave que o
Consulado-Geral de Toronto já teve mesmo de encerrar.
Por outro
lado, como foi noticiado na semana passada, aqui no seu JM, continua por nomear
o Cônsul-Geral para Valência, cuja área de jurisdição cobre cerca de 100 mil
portugueses, a maioria de origem madeirense.
Também
está para nomear, desde 2018, o Cônsul-Honorário do Curaçao. Poderá pensar-se
que não sendo um consulado de carreira, não seria relevante. Mas recorde-se que
neste pequeno território residem cerca de 3.000 madeirenses e descendentes, sendo
que não existem ligações diretas entre a ilha e a Venezuela.
Um flop,
a sua atuação como Secretário de Estado. Mas a cereja no topo do bolo foi a sua
story com uma fotografia, encomendada por si, no funeral de Linda de Suza.
Ninguém com um mínimo de respeitabilidade e sobriedade se fotografa num
funeral. Uma atitude que não é apenas vergonhosa, é mesmo sórdida.
Eu sou
daqueles que suspeita que Paulo Cafôfo foi convidado para Secretário de Estado
para reabilitar a sua imagem, de forma a avançar como cabeça-de-lista do PS-M
às Regionais de 2023. Sei que não são muitos os que me acompanham neste
raciocínio, mas continuo a pensar o mesmo. Porque não encontro qualquer outro
racional na sua escolha, atendendo ao facto do PS ter muitos outros quadros
melhor preparados para o cargo. E mais convencido disso fiquei ao ler o seu
artigo de opinião na passada semana. Afirmando juras de amizade a Sérgio
Gonçalves, encetou o que poderão ser as ideias-chave para a candidatura do PS.
Sabemos que, em política, as juras de amor públicas degeneram, regra geral, em
traições privadas. O beijo de Judas. Por isso, se eu fosse Sérgio Gonçalves,
colocar-me-ia à tabela. Cafôfo já deixou tantos “cadáveres” para trás, a quem
havia prometido lealdade eterna (Gil Canha, Filipa Jardim Fernandes, Carlos
Pereira, José Manuel Coelho, Roberto Vieira, Liliana Rodrigues, João Pedro
Vieira, Miguel Gouveia, Emanuel Câmara são apenas alguns dos exemplos) que
seria aconselhado estar atento. Quem avisa, amigo é!
https://www.jm-madeira.pt/opinioes/ver/7188/Flop_Cafofo
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