VER PRIMEIRO! Opinião | 07/04/2023 08:00
VER PRIMEIRO!
Sou católico. E havia prometido a mim mesmo que, no dia da Paixão de Cristo, não usaria o tom crítico que me é característico nestes artigos. Todavia, a semana foi demasiado rica em absurdos para que os deixe passar.
1 – Simpatizo com o deputado Carlos Pereira e considero-o o político melhor preparado do PS-M (de longe). Mas Carlos Pereira é daqueles políticos que quando os problemas não o encontram, vai ele à procura deles. Vem isto a propósito da declaração da ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, na sua audição, em que tornou público que havia tido uma reunião com alguns deputados, incluindo Carlos Pereira, em 17 de janeiro, um dia antes de ir ao Parlamento prestar esclarecimentos sobre a demissão da ex-administradora Alexandra Reis. Ora, já é demasiado grave o Grupo Parlamentar do PS ter tentado condicionar a ex-CEO da TAP. Mas o absurdo, totalmente incompreensível, foram as declarações de Carlos Pereira, que tentou branquear e relativizar a gravidade do ato. Diz Carlos Pereira que é "natural a partilha de informação entre deputados, Governo e entidades". Fugindo-lhe a boca para a verdade, acrescenta mesmo que este tipo de reunião é "habitual" no PS.
Caro Carlos Pereira, não, não é normal os grupos parlamentares reunirem com "entidades" para combinar perguntas e respostas que serão feitas e dadas na Comissão de Inquérito, que decorrerá no dia a seguir. A "partilha de informação" – se foi apenas disso que se tratou - teria que ser feita em sede de Comissão de Inquérito, com todos os grupos parlamentares. E se isso é "habitual" no PS, então ainda é mais grave, porque revela um padrão de absoluta falta de transparência e tentativa de condicionamento das "entidades", por parte desse partido.
Não sei o que decidirá a Comissão de Transparência da Assembleia. O que fica evidente é que a idoneidade e isenção do PS e, muito concretamente, de Carlos Pereira está posta em causa. E em política é fatal carregar esse ónus!
2 – O PS-M, a reboque do PSD-M, com um atraso de 4 anos, criou uma secção para migrações. Para líder dessa secção foi um militante socialista que admite votar no PSD e militou no CDS. Um portento de convicções, um político que leva a sério as ideologias e as orientações programáticas, como se vê. Mas gente que está na política apenas à procura das migalhas que caem da mesa do poder, que é como quem diz, que apenas andam à procura de tacho, não é novidade em nenhum partido. Vendidos, ressabiados e vira-casacas há em todo o lado. Anedótico mesmo é esse militante ser apresentado como "escritor e filósofo". No joda! Mas não era possível um pouco menos? É que é muito! Coño, filósofo?! Chiça, é cá de um nível que não é brincadeira. Agora sim, percebo porque é que destacados militantes do PS-M se abespinharam tanto com a minha crítica à sessão de esclarecimentos para migrantes, que o PS-M parece ter feito no dia 1 de abril (pode rir, mas não foi peta). De facto, apenas um "sábio em geral" estaria habilitado a falar de todos os assuntos, tão complexos e específicos, relacionados com processos de integração. Aquilo que, por exemplo, o Governo faz, levando técnicos de migrações, emprego, saúde, segurança social, educação e habitação, o PS faz apenas com o seu "escritor e filósofo" residente. Bien hecho!
3 – Cafôfo deu uma entrevista, esta semana, em que, uma vez mais, queixa-se de "assassinato de carácter" Ora, vem acusar os outros de fazerem tudo aquilo que é o seu "modus operandi". Seu e da sua clique. Mas nessa entrevista também ficou mais uma vez provada a sua típica ausência de ideias e a reiterada desresponsabilização. Perante os problemas que não é capaz de resolver, lança acusações sobre tudo e sobre todos. A começar pelos seus colegas de governo. Já viu este filme antes?
4 – Finalmente, um elogio. Ao Márcio Nóbrega, empresário madeirense que, na sua Adega do Pomar, recuperou técnicas tradicionais de produção de sidra. E se não está a fazer a melhor sidra do Mundo, conforme já se disse, faz, com toda a certeza, a melhor sidra da Madeira. Foi um prazer enorme experimentar as várias sidras fabulosas que me deu a provar, mostrando um conhecimento profundo sobre o que está a fazer, com seriedade, autenticidade e genuinidade. É de mais projetos destes que necessitamos. Projetos que acrescentem valor àquilo que são as nossas potencialidades naturais e até antropológicas. Projetos deste género serão sempre vencedores!
5 – Votos de uma feliz e Santa Páscoa a todos os que fizeram o favor de ler estas linhas. Que seja um tempo de reflexão e renovação, e que possamos partir daqui mais iluminados, para construir uma sociedade melhor!
https://www.jm-madeira.pt/opinioes/ver/7462/Ver_primeiro
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