ELOGIO DA LOUCURA*
A pior das loucuras é, sem
dúvida, pretender ser sensato num mundo de doidos.
1 - António
Costa escancarou as portas de São Bento a um amigo e permitiu que todo o seu
governo fosse permeável a este lobista-mor. O amigo, lembre-se, também foi
intermediário “informal” (?!) do primeiro-ministro (PM) em vários negócios do
Estado. No governo socialista, o que o lobista dizia, era lei.
O ainda
PM também entendeu nomear, para seu chefe de gabinete, um militante socialista
de passado duvidoso, igualmente experiente na arte do lobismo, que escondia, em
livros e caixas espalhadas pelo Gabinete, 70 e tal mil euros em notas.
Por fim,
o PM segurou João Galamba contra toda a prudência e contra o desejo do
Presidente da República e ainda teve a desplante de o colocar a fechar o debate
do Orçamento, numa clara afronta e provocação gratuitas a Marcelo Rebelo de
Sousa.
Agora,
António Costa culpa o Ministério Público e o Presidente pela crise que ele, o
seu Governo e o PS provocaram.
“Coragem,
vamos! Dissimular, enganar, fingir, fechar os olhos aos defeitos dos amigos, ao
ponto de apreciar e admirar grandes vícios como se fossem grandes virtudes, não
será, acaso, avizinhar-se da loucura?”*
2 – Em
2013, Paulo Cafôfo foi eleito presidente da Câmara Municipal do Funchal, numa
coligação que reunia 6 partidos. Em 2017, tendo atraiçoado todos os seus
anteriores parceiros, apresenta-se a eleições numa nova coligação, jurando que
iria cumprir o mandato até ao fim, pois o Funchal era a sua causa. Em 2019, sai
da edilidade, para ser candidato às legislativas regionais, garantindo que a
sua causa, afinal, era a Madeira. Perdeu as eleições e não chegou a aquecer a
bancada na Assembleia Legislativa Regional nem o seu lugar de professor, no Campanário,
mudando-se de armas e bagagens para Lisboa, em 2021, para a sua nova causa, as
Comunidades Portuguesas. Em 2023, perante a clamorosa derrota do PS-M, e de
forma a garantir a sobrevivência política da sua clique, anuncia que, uma vez mais,
a causa era a Madeira e que iria ser candidato à liderança do PS-M. Mas que
manteria os dois “amores”, sendo que as Comunidades Portuguesas continuariam a
ser o seu ganha-pão.
“Dirigem
ao Povo belas palavras, chamando de bons, fiéis, afeiçoadíssimos, os seus
súbditos e, enquanto furtam com uma das mãos, acariciam com a outra”.
3 –
Cafôfo prepara-se para afastar o deputado Carlos Pereira, porque o deputado não
integra a clique e diz o que pensa. Por outro lado, nesta espécie de
sebastianismo em que vive mergulhado, e porque a Secretaria de Estado vai à
vida, prepara-se para ser o cabeça-de-lista do PS, na Madeira, às eleições de
Março. Veremos o que vale eleitoralmente. Mas não deixa de ser curioso já não
haver PS com Cafôfo, que foi substituído pelo PS DE Cafôfo.
“Pode
haver maior loucura do que a de um candidato que adula o povo para conquistar
honras e que compra o seu favor à custa do liberalismo? Que a daquele que
recebe servil e humildemente os aplausos dos mentecaptos? Daquele que fica
lisonjeado com as aclamações populares? Daquele que se deixa carregar como uma
estátua (…)?”
3 –
Prossegue a insana guerra na Ucrânia, que dura há quase 2 anos. Putin insiste
em atingir os objetivos iniciais da ofensiva, incluindo a desmilitarização, a "desnazificação"
e a neutralidade do país vizinho. Como é evidente, estas são condições que a
Ucrânia e o Ocidente não podem aceitar.
Por outro
lado, neste mundo cada vez mais louco e perigoso, continua a ofensiva israelita
na Faixa de Gaza. Sou daqueles que acha que o mundo seria um mundo melhor sem o
Hamas e considero legítimas as razões da ofensiva. Mais, acho mesmo que, por
uma questão de sobrevivência, Israel não tem outra alternativa a não ser
eliminar ou, pelo menos, reduzir substancialmente a capacidade militar da
organização terrorista. Todavia, os danos colaterais são excessivos,
incompreensíveis e inaceitáveis. Não podemos compactuar com bombardeamentos
aleatórios cujas principais vítimas são civis e, entre eles, crianças. Israel
está a perder o apoio internacional e os próprios Estados Unidos, aliado
incondicional, começam a perder a paciência com os excessos de Benjamin
Netanyahu e do seu governo.
“É por
isso que os parasitas, os proxenetas, os ladrões, os sicários, os boçais, os
estúpidos, os falidos e, em geral, toda a escória social, pode aspirar muito
mais à imortalidade da guerra do que os homens que vivem dia e noite absorvidos
na contemplação”.
Termino,
deixando os meus votos de um Santo Natal e de um próspero ano novo!
“Quanto a
mim, deixarei que os outros julguem esta minha tagarelice; mas se o
amor-próprio não deixar que eu perceba, contentar-me-ei em ter elogiado a
Loucura sem estar inteiramente louco”.
*Erasmo
de Roterdão
https://www.jm-madeira.pt/opiniao_cronicas/elogio-da-loucura*-GF15232664
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