Política de imigração integrada e humanista - 04_04_2025
A recente
assinatura do protocolo de cooperação para a imigração laboral regulada, que
teve lugar no Palácio das Necessidades, trouxe uma questão fundamental para o
futuro do da Região: a necessidade de uma política de imigração holística,
adaptável às nossas necessidades económicas e sociais. Nessa cerimónia, o
primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou que a imigração deve ser encarada
de forma integrada e ajustada à realidade nacional, uma visão que merece ser
destacada e aprofundada e que reúne a nossa total aprovação.
Em primeiro lugar,
é importante reconhecer que, pela primeira vez na nossa democracia, um governo
definiu uma política de imigração clara e estruturada. Até agora, as
iniciativas nesta área foram pontuais e reativas, sem um enquadramento
conceptual coeso. Com este governo, assiste-se à construção de um modelo que
não só reflete as necessidades do país, mas também incorpora um humanismo
essencial às políticas sociais.
A abordagem
holística é a grande novidade desta estratégia. Poucas áreas são tão
multidimensionais como a imigração, que envolve administração, economia,
finanças, saúde, educação, proteção social, fiscalidade, segurança e justiça.
Ignorar qualquer uma destas dimensões seria comprometer o sucesso da integração
dos imigrantes e colocar em causa a coesão e a paz social em que felizmente
vivemos. Por isso, a política migratória deve ser abrangente, garantindo que
cada um destes setores se articula de forma eficaz e equitativa. Que é, aliás,
o que o Governo Regional da Madeira tem vindo a fazer, no âmbito das suas
limitadas competências.
Ao contrário do
que afirmam os discursos inflamados de ódio, populistas e demagogos, não temos
na Região uma imigração descontrolada. A haver, de facto, poderia comprometer a
unidade da sociedade madeirense, bem como alimentar redes ilegais e
exploratórias que queremos, por todas as vias combater. Por isso é que
defendemos uma imigração bem regulada e enquadrada no mercado de trabalho, por
ser uma mais-valia para a economia regional. A Madeira precisa de mão de obra
qualificada e não qualificada, e só através de um planeamento estruturado se
poderá evitar abusos e garantir que os imigrantes tenham acesso a condições
dignas de trabalho e de vida.
Para o Governo
Regional, a integração eficaz exige um compromisso baseado em quatro pilares
fundamentais: Acolher, Proteger, Integrar e Promover. Uma política de imigração
responsável deve garantir a observação destes princípios, através de contratos
de trabalho formais, seguros de saúde e viagem, formação profissional e
linguística, bem como condições adequadas de alojamento. Estes são requisitos
essenciais para evitar situações de vulnerabilidade e marginalização social,
presentes já no protocolo assinado.
Para que esta
política seja bem-sucedida, é também crucial a colaboração entre autoridades,
empresas e instituições sociais, até porque a imigração não pode ser vista
apenas como um fenómeno económico, mas como um fator estruturante da sociedade
portuguesa. E é por isso, que tem de ser feito investimento na humanização do
acolhimento dos imigrantes por promover uma sociedade mais justa e coesa, mas
também por fortalecer a economia, ao integrar novos talentos e culturas.
É, igualmente, consensual
que a presença de trabalhadores estrangeiros em setores-chave como a construção
civil, o turismo e a restauração e o setor primário contribui
significativamente para a economia regional. Assim, continuamos empenhados em
oferecer um ambiente de trabalho atrativo e condigno para os imigrantes, pois
são essenciais ao nosso desenvolvimento e ao crescimento da economia.
Por fim, é
necessário assegurar um sistema de imigração eficiente e ágil. A burocracia
excessiva e os atrasos na concessão de autorizações de residência prejudicam
tanto os imigrantes como os empregadores. Um sistema mais eficaz permite
responder rapidamente às necessidades do mercado e atrair talento de forma
estruturada e organizada e é esse objetivo que este protocolo pretende
alcançar.
O caminho adotado
por este governo representa uma verdadeira reforma estrutural da política
migratória em Portugal. No entanto, para que esta visão prospere, são essenciais
um compromisso de longo prazo e uma abordagem colaborativa, que envolva todos
os setores da sociedade. E isto é válido para Portugal, bem como para a Madeira.
Por que apenas assim poderemos continuar a ser uma Região acolhedora, dinâmica
e economicamente competitiva, mas com uma sociedade coesa, justa e humanista. E
são estes os contributos que temos tentado empresar às políticas nacionais e
nos quais continuaremos empenhados.
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