Diversidade cultural: integração e responsabilidade - 02-06-2025
No último fim-de-semana, celebrámos, em São Martinho, a 4ª
edição da vibrante Festa da Diversidade Cultural, um evento que ultrapassa em
muito a música, a gastronomia ou o artesanato. Em 4 anos, assumiu-se como uma
afirmação clara de uma Madeira que é uma região global e cosmopolita,
construída a muitas vozes, sotaques e culturas.
Mas, passado o momento de celebração, segue-se a reflexão. A
convivência entre mais de uma centena de nacionalidades na Madeira é uma
realidade irreversível e de enorme riqueza. Contudo, o sucesso da integração de
tantas pessoas provenientes de tantos países, de diferentes culturas, etnias e
religiões não acontece por acaso. Exige planeamento, visão política e um
compromisso firme com a integração e a coesão social.
Por isto e ganhas as eleições pela AD, é nossa expectativa que
as políticas que vinham sendo seguidas pelo anterior governo, lideradas pelo
ministro Leitão Amaro, sejam prosseguidas. Porque o estado português necessita
mesmo de política migratória regulada, que proteja os direitos de quem chega,
responda com eficiência aos desafios logísticos e sociais da integração e, ao mesmo
tempo, previna riscos associados à exploração, ao tráfico humano e às redes de
criminalidade, que se aproveitam da fragilidade dos mais vulneráveis.
Na Região Autónoma da Madeira, acolher sempre foi parte da
nossa identidade. Desde os tempos das grandes navegações, passando pelas
décadas de emigração e regresso, até à atualidade, temos sido terra de
encontros. Mas os tempos mudaram e, hoje, o acolhimento exige instrumentos
modernos, interligados e integrados e eficazes. Não basta ter boas intenções, é
preciso ter boas políticas públicas. É isso que temos vindo a fazer, em
articulação com os diversos órgãos de soberania e administrativos que tutelam a
área, bem como com todos os outros agentes que nela têm intervenção, como a Segurança
Social, as Finanças, a Saúde, as autarquias e a as autoridades policiais e de
segurança.
A diversidade cultural que
caracteriza a nossa Região não é apenas uma consequência da globalização, é
também uma oportunidade estratégica para o desenvolvimento da Madeira. E cabe
ao poder político garantir que esta oportunidade se traduza em prosperidade,
inclusão e estabilidade para todos os cidadãos, independentemente da sua proveniência.
O Governo Regional da Madeira tem assumido esse desafio com responsabilidade. Mas
novos desafios exigem novas soluções. Por isso, a nossa prioridade para a
presente legislatura passa por apoiar os municípios e juntas de freguesia na
promoção de políticas locais de integração; estreitar relações com os países de
origem das comunidades aqui residentes, bem como com o movimento diplomático,
consular e associativo dessas comunidades; trabalhar com as escolas, as
instituições sociais, as forças de segurança e os centros de saúde para
reforçar a resposta às novas realidades demográficas; apostar na cooperação
externa como via de partilha de boas práticas e construção de soluções
conjuntas.
A imigração não é um problema: é parte da solução. Sobretudo
numa Região que enfrenta desafios demográficos e precisa de renovar o seu
capital humano. Sobretudo numa Região que tem registado um sucesso económico
assinalável e cuja mão-de-obra disponível não supre as necessidades. Mas para
ser uma solução, precisa de ser acompanhada com responsabilidade e coragem
política que é o que o Governo Regional, liderado por Miguel Albuquerque, tem
vindo a fazer.
Não podemos permitir que o vazio de políticas crie o espaço
para a informalidade, a desinformação ou o populismo. Temos de ser claros:
acolher é um dever, mas também um direito regulado e partilhado. A integração
tem de ser real, com acesso a emprego digno, habitação, saúde, educação,
proteção social e participação cívica.
A Festa da Diversidade Cultural lembrou-nos aquilo que de
melhor temos: a capacidade de viver juntos, com respeito e alegria. Mas agora é
tempo de transformar essa energia em estratégia. Em legislação. Em políticas.
Porque a convivência multicultural só é sustentável quando é acompanhada de
justiça, planeamento e regras claras.
O futuro da Madeira será tão inclusivo quanto ousarmos
sonhá-lo e tão seguro quanto formos capazes de o estruturar. A diversidade é o
caminho. Cabe-nos, enquanto decisores, garantir que é um caminho com chão
firme.
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