Borboletinha,

esta noite vi o teu rosto. Vieste até mim, uma vez mais, nessa realidade a que alguns chamam de sonho, e deste a conhecer mais uma parte de ti. Olhavas-me com curiosidade, como quem olha para uma qualquer exoticidade. O teu olhar inquisidor perscrutava algum sinal de familiaridade, como se a tua memória intuisse que também és sangue de mim. Como se os fios que te tecem latejassem e não soubesses a razão - Borboleta, sou teu pai!
E perante o exame a que fui sujeito, mantinha um sentimento paradoxal de inquietude e vaidade. Embevecias-me... Embeveces-me!
Desvelas-te assim, devagar, aos pedacinhos. Como se soubesses que a sofreguidão que tenho de te ver fosse um incêndio demasiado intenso a queimar-te o olhar. És um pequeno anjo em tons de azul, e sabes que o Beijo que te aguarda tem de ser dado aos poucos.

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