Tanto é o que precisamos de lançar culpas a algo distante quando o que nos faltou foi a coragem de encarar o que esteve na nossa frente José Saramago, in O homem duplicado I - Nós, portugueses, adoramos encontrar culpados para tudo, seja em situações pessoais, sociais ou políticas. Não discutimos as causas - nem interessa fazê-lo! -, nem as soluções para os problemas, ou a complexidade dos mesmos. Relevante é identificar um alvo contra o qual possamos dirigir as nossas frustrações, os nossos receios e até o nosso ódio. E se de um ponto de vista pessoal, atribuir a culpa a alguém é catártico e pode trazer algum alívio pontual – essencial para o nosso o nosso bem-estar emocional -, de um ponto de vista social e/ou político, haverá menos aspetos positivos. Aliás, atribuir culpas a figuras públicas e, muito concretamente, a decisores políticos, é tentar condicionar a sua ação, atirando-lhe para cima o odioso de uma situação em particular. Identificamos um culpado, um inim