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A mostrar mensagens de setembro, 2015

A falência das sondagens

Li, aqui há uns tempos, umas declarações de um sociólogo que atribuía o falhanço das sondagens nas eleições legislativas britânicas ao receio das pessoas parecerem politicamente incorretas. A tese era que as pessoas estão demasiado condicionadas pelo pensamento mainstream e temem que as suas opiniões as possam de catalogar como intolerantes, antiquadas, radicais, desajustadas, injustas, ingénuas, pouco inteligentes e/ou informadas. De acordo com a teoria, os cidadãos promovem a autocensura, sentindo que há coisas que não se podem dizer. Posto isto, quando inquiridas pelas empresas de sondagens, as pessoas, com receio de serem estigmatizadas, dizem aquilo que esperam que o outro lado quer ouvir e não aquilo que verdadeiramente pensam. Nesse artigo, chamava-se a atenção para a aparente “espiral do silêncio” (teoria de Elisabeth Noelle-Neumann), em que as pessoas se deixam modificar pela perceção que têm sobre aquilo que maioria pensa. Com receio de algum isolamento social e temendo

Reposta a um xenófobo

Como parece que a coragem não é o seu forte e prefere refugiar-se na cobardia do anonimato repondo-lhe, por uma ÚNICA vez. Até porque, parece-me, você não quer discutir, nem argumentar. É um xenófobo e ponto. Ainda assim, fazendo um esforço sobre-human o para fazer sair o pedagogo que há em mim, aqui vai. Porque querem apenas ir para a Suécia e para a Alemanha? Antes de mais não é líquido que queiram ir apenas para a “Suécia e para a Alemanha”. Pretendem, isso sim, ir para países que lhes garantam segurança e bem-estar. Não é este um desejo legítimo de qualquer ser humano? Se eu quisesse viver para outro país, para obter melhores condições de vida, iria para onde? Sudão? Paquistão? É óbvio que procuram países que: 1º Identifiquem como países tolerantes para com a diferença (a Escandinávia tem tradição a este nível e a Alemanha tem dado mostras de muita tolerância) e com comunidades multiculturais; 2º Que reconheçam ser locais onde podem prosperar; 3º Não querem ficar em campos de refug

Do sofrimento!

Vejam bem sobre quem foi a carga policial das forças policiais húngaras. Vejam e imaginem se fossem vocês, com os vossos filhos, netos, sobrinhos, ao colo. O grito de terror das vossas crianças. A vossa impotência para as proteger, mesmo que façam do vosso corpo escudo humano e apanhem com todas as pancadas que são distribuídas indiscriminadamente. O gás lacrimogéneo a começar a produzir efeitos. Já não é apenas o medo, o terror, é também a dor a começar a invadi-las. As lágrimas já lhes saem fartas, verdadeiras, doídas, aterradas. E vocês a quererem fugir sem terem de pisar outros que caem à vossa frente. Querem sair dali mas a massa humana que vos antecede não vos permite fazerem-no com a velocidade que desejam. Fechem os olhos e pensem naquelas crianças que amam, que aconchegam à noite, que vos enchem o dia de calor e felicidade. E imagem que são elas que ali estão. É por ver imagens como estas que não percebo aqueles que recusam receber refugiados na nossa terra. E é por isso

E se fosse eu?

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Eu olho para o rosto desta criança e apenas vejo a minha Tocas, a minha filha. Sim, sou solidário com os refugiados por egoísmo. Porque quando vejo as imagens de quem foge, com a família ao colo, da guerra e do terrorismo, não consigo deixar de pensar: e se fosse eu?

Infiltrados?

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Muito se tem falado sobre a possibilidade de virem infiltrados do Daesh nas hostes de refugiados sírios que chegam à Europa pela rota dos Balcãs. Uma vez mais, neste caso, o mito supera largamente a realidade. Não querendo afirmar que é impossível essa infiltração, do que tenho lido, o que me parece é que ela é muito pouco plausível ou provável. Vamos a factos: o objetivo inicial deste grupo terro rista foi controlar o Norte e o Oeste do Iraque, maioritariamente sunita mas dominado pelos xiitas. Grande parte das elites dirigentes do Daesh são ex-comandantes sunitas de Saddam Hussein. A Síria, também ela maioritariamente sunita foi apenas uma oportunidade, fruto da desestabilização do regime de Bashar Al-Assad, resultado da primavera árabe. Mas tendo em consideração que muitas populações sunitas sírias (do mesmo ramo do Islão, portanto, que os líderes do Daesh) foram alvo da repressão violenta de Assad (alauita), não seria de supor que estariam ao lado do Daesh? Não, a maioria sunita

ACOLHIMENTO DE REFUGIADOS É OBRIGAÇÃO

Desde que foi feito o anúncio de que a Região está disponível para colaborar no esforço nacional de acolhimento de refugiados de guerra, terrorismo e fome que se gerou algum burburinho social, havendo algumas manifestações contra essa intenção. Ainda que pontuais, porque felizmente o povo madeirense mantém-se fiel aos seus valores cristãos, honrando a sua história e tradição ao nível do acolhimento do Outro, é importante prestar alguns esclarecimentos para desmistificar preconceitos que subsistem.  Não está definido o número de refugiados que virão para a Região. Contudo, será um número de pessoas que a Região tenha capacidade para acolher e integrar, sem qualquer transtorno a nível social e económico. Uma coisa é certa: as pessoas que virão para Região serão integradas sem qualquer processo de assimilação mas com a firme convicção de que os nossos valores terão de ser respeitados. Todo o refugiado tem deveres para com o país em que se encontra, os quais compreendem a obrigação de se c

Os muros e a humanidade

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Cresci a sonhar com a queda do Muro de Berlim e assisti, quase em direto, euforicamente, ao seu desmantelamento. Julgava eu que se caminhava para a queda de todos os muros que segregam, excluem e separam. Nos anos 90 estava convencido que os meus filhos, se os tivesse, viveriam num mundo sem muros. Quase 5 anos após o seu nascimento, vejo que o reaparecer de barreiras fortificadas acompanham o crescimento da minha filha: o reforço das muralhas de Ceuta e Melilla, Hungria, fronteira dos EUA com o México, da Turquia com a Grécia, da Índia com o Paquistão e o Bangladesh, Palestina e mais cerca de 30 outros muros que isolam uns (d)e outros. Igualmente grave (ou ainda mais) é o facto de muitos destes muros estarem a ser edificados não apenas com o objetivo de impedir a passagem de pessoas, mas com o objetivo deliberado de causar dor às pessoas. Todos eles estão rodeados de arame farpado que, como afirmou o bispo espanhol Santiago Martinez, são um ataque à integridade física dos refugia