Amontoado de desilusões
A desilusão é um sentimento poderoso. Por vezes, parece-me, não somos mais do que um acumular de desilusões. E, pela vida fora, as desilusões parecem ocupar cada vez mais espaço. Será assim, como o tempo: um dia é demasiado longo quando apenas vivemos 8. Contudo, parece tão pequeno quando já vivemos 8000! Tem a ver com a dimensão. O caminho parece mais curto, quando percorremos já a segunda metade… E de modo similar, creio eu, acontece com as desilusões. Não são importantes quando apenas conhecemos 10 – então, somos tão mais do que isso! Mas, à medida que as vamos colecionando e porque as acumulamos demais – a nossa maior riqueza, no sentido em que é aquilo que mais possuímos -, atinge-se um ponto em que parece nada mais existir para além dela. Talvez seja por isso que os velhos enlouquecem ou morrem. Porque aos velhos desiludidos, nada mais resta do que a demência ou a morte. Ao longo da vida, é-se chegado a um ponto em que a nossa capacidade para colecionar desilusões esgota-s