Levo comigo a promessa de um beijo: se não me dás, roubo-to!

Percorro os trilhos antigos, sentindo o restolhar de folhas secas ante as minhas passadas. Os coelhos, os esquilos e os restantes habitantes deste bosque fogem, assustados. A atmosfera foi invadida por sons familiares: o vento que desliza por entre as folhas; os galhos que se quebram; o murmúrio das árvores centenárias; o som das pisadas que se afundam na terra ainda molhada; a respiração ofegante. O som ritmado, lento e constante de quem está aqui à descoberta, sem pretender desbravar caminho, mas insistindo em avançar perante a densidade da floresta.


Vejo nesgas da luz doirada do sol que trespassa a chama verde de cheiro acobreado que me envolve. Aqui, há um outro mundo para além do mundo, mais silencioso, mais íntimo, mais secreto. Aqui a vida tem um ritmo diferente, o pulsar do coração é mais lento, o sangue não lateja tanto.

E é aqui que pressinto com maior intensidade o anjo que me persegue. Não se recua ante a promessa de um beijo. E se hoje te sinto como a realidade que és, tenho certeza de que estarei sempre à espera do teu beijo. Ainda que seja apenas como forma de promessa…

PS – Intuíste que não fui verdadeiro. Se não me dás, sabes bem que to roubo!

Comentários

  1. Traduz bem a história da vossa relação: intíma, intensa e roubada!

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