O meu amor envolve-te!

Será o indivíduo apenas um amontoado de moléculas? Como se mantêm, elas, coladas? O que fazem para nos constituírem como seres de vida, como organismos?


A gravidade, dizem-nos os físicos. A força mais forte do universo: a atração. A força irresistível que a partícula mais forte exerce sobre a mais fraca. Atração e força irresistível, como sinónimos. É isto que se passa connosco, meu amor? Estaremos a ser vítimas da força mais irresistível do universo, minha filha? Seremos vítimas dessa lei da física?

E assim sendo, porque não se misturam as nossas moléculas? Qual é a diferença entre as regras da lei da atração da física e os preceitos da atração física? Em quê diferem elas? Em que se assemelham? São apenas uma e mesma lei?

São questões como estas que me coloco quando tenho consciência de que sou irresistivelmente atraído para ti. Quando todos os átomos do meu corpo anseiam por se juntarem aos teus, fundindo-se numa única explosão que nos torne um só. Não, não quero roubar-te a individualidade, aquela pequena autenticidade absoluta que és tu. Apenas sinto que nesta fórmula da física poderá residir a explicação para a osmose que pressinto, quando vejo os átomos constituintes do meu amor se despregarem da unidade de que sou feito para levitarem rumo ao sul. Seguem para ti, buscam-te para em teu torno gravitarem numa espécie de auréola dourada que te cerca.

Boa noite, minha menina. Dorme bem!

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