Sonhos verdes
Canterbury, 25 de julho de 2012
Há verde por todo o lado. Rodeia-nos, envolve-nos e parece querer-nos engolir. O verde brota dos bosques, emerge dos relvados, desprende-se das sombras em que está amarrado e jorra dos nossos olhos. Há verde no campo, verde nos edifícios, até as pessoas parecem verdes. O verde é a cor dominante. É o líder.
Prende-se a nós como se de uma alga verde gigante se tratasse, incendiando-nos a pele. Insidiosamente vai-nos cobrindo, até inundar-nos o olhar. Enche-se-nos as papilas olfativas. A boca está cheia do verde gramado da clorofila. Choramos verde. Rimos verde. Euforicamente celebramos o verde. Vai-nos possuindo, o verde, até não restar mais nada.
(Agora que penso, não sei se queria dizer clorofila ou claro, filha.)
Neste mundo verde não há lugar para a profundidade azul do mar. Não se ouve o restolhar escuro dos seixos da praia (poderemos ouvir as cores?). Não há arco-íris, não há o dourado do sol – insinua-se, quando o sentimos beijar-nos a face –, não há a transparência do riacho. Apenas verde, verde e mais verde. De verde é feita a sombra. A luz é verde.
Nesta terra, tudo parece constituir-se de verde. Até os sonhos…
Dorme bem, filha! E foge dos sonhos verdes. Não por serem verdes, mas porque quando nada mais sobra no mundo à exceção do verde, já não há mais mundo – o mundo é colorido. Ainda que o mundo do imaginário, etéreo, da ilusão onírica!
Há verde por todo o lado. Rodeia-nos, envolve-nos e parece querer-nos engolir. O verde brota dos bosques, emerge dos relvados, desprende-se das sombras em que está amarrado e jorra dos nossos olhos. Há verde no campo, verde nos edifícios, até as pessoas parecem verdes. O verde é a cor dominante. É o líder.
Prende-se a nós como se de uma alga verde gigante se tratasse, incendiando-nos a pele. Insidiosamente vai-nos cobrindo, até inundar-nos o olhar. Enche-se-nos as papilas olfativas. A boca está cheia do verde gramado da clorofila. Choramos verde. Rimos verde. Euforicamente celebramos o verde. Vai-nos possuindo, o verde, até não restar mais nada.
(Agora que penso, não sei se queria dizer clorofila ou claro, filha.)
Neste mundo verde não há lugar para a profundidade azul do mar. Não se ouve o restolhar escuro dos seixos da praia (poderemos ouvir as cores?). Não há arco-íris, não há o dourado do sol – insinua-se, quando o sentimos beijar-nos a face –, não há a transparência do riacho. Apenas verde, verde e mais verde. De verde é feita a sombra. A luz é verde.
Nesta terra, tudo parece constituir-se de verde. Até os sonhos…
Dorme bem, filha! E foge dos sonhos verdes. Não por serem verdes, mas porque quando nada mais sobra no mundo à exceção do verde, já não há mais mundo – o mundo é colorido. Ainda que o mundo do imaginário, etéreo, da ilusão onírica!
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