Espantado ante o absurdo

Camus desvendou o homem absurdo. O homem que já se olhou ao espelho milhares de vezes ao longo da sua vida e que num determinado dia, olha-se e espanta-se. É esbofeteado pelo absurdo, não reconhecendo o outro que está do outro lado. Um outro homem dentro do espelho e que certamente não é o mesmo.
Este é o mistério da existência. É o mistério e é a sua verdade mais cruel. O homem está lançado no mundo e perante essa sua própria condição de condenado (a existir), espanta-se e só a partir desse momento começa a ter consciência de si.
E é avassalador esse reconhecimento. É a capitulação ante a nossa sombra. A subjugação pela inevitabilidade. A consciência viva de que não somos um sonho sonhada por outrem. Que nem somos sonhados por nós próprios. Mas que a existência é totalidade de ser.

Sei, querida, que ainda és demasiado pequena para este esmagamento existencial. Queira eu próprio ter força e sabedoria para te proteger dele. Mas, pelo sim, pelo não, registo a reflexão, não vá dar-se o caso de não ter oportunidade de a partilhar contigo. Para te alertar.
Um beijo. Amo-te!


Comentários

Mensagens populares deste blogue

ELOGIO DA LOUCURA*

Ama porque é lento