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XENOFOBIA EM ÓRGÃOS DE REPRESENTAÇÃO Opinião | 07/12/2019 07:00

A idiossincrasia do migrante internacional é a de ser um estrangeiro numa terra estranha, onde inevitavelmente perde direitos, nomeadamente políticos, de participação e de cidadania. Grosso modo, um migrante é um excluído, não apenas da identidade coletiva mas da própria sociedade. Assisti a esta definição por parte de Rui Pena Pires, num seminário promovido pelo Instituto de Defesa Nacional (IDN) a que recentemente assisti, e não posso estar mais de acordo com ela. De facto, um migrante internacional inicialmente é sempre um excluído. É um cidadão menor, ao qual nem o Estado nem a sociedade reconhecem a plenitude dos direitos inalienáveis ou as liberdades e garantias fundamentais. Por outro lado, é também um excluído porque não partilha da mesma língua (na maior parte dos casos), da cultura, dos valores, das crenças, das tradições, enfim, da identidade coletiva da sociedade de acolhimento. O desafio para quem recebe é, então, transformar esse acolhimento em correta integra

Ensino gratuito é medida socialmente injusta

Rui Caetano, em nome do PS-M, vem hoje anunciar que irá apresentar uma iniciativa legislativa para garantir a gratuitidade do Ensino Obrigatório. Significa isto a Região teria de financiar, integralmente e para todos os alunos, a aquisição de manuais, transportes e alimentação. Para defender a ideia apresenta dois argumentos, cada um mais absurdo que o outro: o primeiro, é de que esta medida favoreceria a natalidade, como se as taxas de natalidade tivessem alguma coisa a ver com riqueza. Se assim fosse, a taxa de natalidade seria superior nos países desenvolvidos e todos sabemos que não é assim. Ou seria superior nas famílias mais favorecidas e também não é assim. E, por último, sabemos que nunca se viveu tão bem na Madeira e, paralelamente, nunca houve uma taxa de natalidade tão baixa. Este é, portanto, um argumento que não encontra qualquer sustentação na realidade (e, de resto, não conheço estudo algum que o sugira). A outro argumento não é apenas errado, é trapaceiro, porque

O OUTRO DO OUTRO É VOCÊ! Opinião | 28/11/2019 08:38

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“A descoberta de outros é a descoberta de um relacionamento, não de uma barreira!" Claude Lévi-Strauss 1 - Edward B. Tylor definiu cultura como sendo "todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade". É, portanto, a marca distintiva de um grupo, de um povo ou de uma nação. A definição de Tylor, apesar de revista por diversas vezes, é consensual relativamente à definição de cultura ao nível das ciências sociais. Cultura é, portanto, tudo o que é construção humana, que identifica; é a identidade própria de um grupo humano inserido num território, num determinado período histórico. É, no fundo, a circunstância de que fala Ortega y Gasset. Mas as características identitárias de um determinado povo são exatamente as marcas diferenciadoras entre os povos. Ou seja, o que identifica um determinado povo é o que o distingue dos de

HALLOWERN OU OS FANTASMAS NA POLÍTICA Opinião | 31/10/2019 08:50

Pela primeira vez, estamos em presença de uma sociedade que, longe de exaltar a observância dos preceitos superiores, faz deles um uso eufemístico e lança-os no descrédito, deprecia o ideal da abnegação mediante o estímulo sistemático à satisfação das aspirações imediatas, à paixão pelo ego, à felicidade intimista e materialista. As nossas sociedades tornaram inúteis todos os valores inerentes ao sacrifício (…). Gilles Lipovetsky No seu «O Crepúsculo do Dever», Gilles Lipovetsky apresenta-nos uma contemporaneidade marcada pelos valores individuais e hedonistas, onde os direitos se impõem aos deveres. É o que ele designa por “sociedade pós-moralista”, caracterizada por uma ética light , a exemplo de tudo o resto. Uma ética minimalista orientada para o prazer, individualista, indolor, subjetiva, que reverencia o imediato, mesmo que efémero e em constante obsolescência. Ante as anteriores éticas teocêntricas ou racionais, caracterizadas por valores transcendentes e universais, ei

AUTONOMIA: A FORÇA DA VONTADE! Opinião | 03/10/2019 08:11

A força não provém da capacidade física. Provém de uma vontade indomável Mahatma Ghandi Celebrou-se ontem o 150º aniversário do nascimento de Mahatma Ghandi. Daí a escolha de uma das suas citações que mais gosto. De facto, a força de cada um de nós e a força de um povo não tem origem no poder físico ou na capacidade bélica. Reside, antes de mais, na vontade inquebrantável, filha da crença e da convicção que pulsam no interior do coração humano. O ativista indiano sustentou toda a sua vida naquela afirmação. Feroz opositor ao colonialismo, teve como única arma a vontade absolutamente indomesticável de libertar a sua nação. Acreditava que o povo indiano tinha direito à autodeterminação e não deveria ser uma qualquer corte do outro lado do mundo a decidir o futuro da Índia. Estes são ensinamentos importantes, que nos legou Ghandi. E também nós, autonomistas madeirenses, somos herdeiros deles. Porque conhecemos bem o frémito que nos nasce na alma, o desejo irreprimível de libe

Integração de migrantes: mesmo em campanha é preciso ser sério.

Qualquer processo migratório é doloroso e complexo. Se for por uma questão de sobrevivência é, então, um processo que deixa feridas profundas, que necessita de acompanhamento, solidariedade e carinho por parte de quem acolhe. Mas exige também honestidade e seriedade e que esses migrantes e as suas idiossincrasias não sejam utilizadas de forma leviana para retórica e aproveitamento político-partidário. Ora, é exactamente isso que a candidatura socialista fez hoje, através de  um comunicado que deveria envergonhar quem o escreveu, por estar pejado de aldrabices e enganos, que não são apenas fruto da ignorância, mas de uma estratégia concertada e deliberada de enganar os migrantes que encontram na Madeira o seu porto de abrigo. O candidato, de quem não se conhece uma única medida de integração para os luso-descendentes, no tempo em que esteve à frente da Câmara Municipal do Funchal, vem agora fazer um conjunto de promessas demagógicas, populistas e inexequíveis, porquanto o Governo Region

PSD-M, o partido do acolhimento!

Durante anos, os governos do PSD-M Madeira foram acusados de visitarem demasiado as nossas comunidades na Diáspora. Era dinheiro mal gasto, dizia a oposição em coro, sem reconhecer o verdadeiro valor dessas comunidades. Os governos do PSD-M – bem! – mantiveram sempre firme essa ligação. Miguel Albuquerque foi um fiel herdeiro desse legado de décadas e reforçou a proximidade e o apoio às comunidades. Fruto de uma infeliz contingência, foi durante o seu Governo que se assistiu ao maior êxodo da Venezuela, tendo havido um regresso massivo à Madeira. As estimativas atuais apontam para cerca de 8000 pessoas regressadas nos últimos 4 anos. Miguel Albuquerque não vacilou, não tergiversou, não transigiu: assumiu desde a primeira hora que receberíamos de braços abertos os madeirenses e seus descendentes que regressavam. Foi esta a atitude corajosa, clara, sem hesitações que assumiu. E orientou o seu Governo para que de forma holística e estruturada contribuísse para o sucesso da integração,