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A AUTONOMIA VENDIDA POR UM PRATO DE LENTILHAS Opinião | 29/11/2018 08:28

Os governos socialistas em Lisboa convivem mal com as opções políticas dos madeirenses. O secular desejo de liberdade e a aspiração para decidir sobre o seu próprio futuro, características muito próprias deste povo, sempre deixou um amargo de boca ao PS, que tem muitas dificuldades em aceitar a autonomia e o princípio da subsidariedade. Prova disso são as constantes interpretações restritivas e centralistas da maior parte de juristas e constitucionalistas afetos ao PS, no que toca aos direitos consagrados da Constituição da República e no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma das Madeira. Em caso de dúvida – e, até, muitas vezes, sem ela! – a decisão é sempre colonialista e a favor do centralismo político de Lisboa. A vontade indomável das gentes desta terra, que não se deixa agrilhoar e recusa e combate as imposições exteriores, é algo que o PS não perdoa. Para a história ficam as contínuas menorizações do povo madeirense sempre que este deu maiorias esmagado

VENEZUELA: A POSIÇÃO QUE DEFENDE OS INTERESSES DA MADEIRA Opinião | 02/11/2018

A crise socioeconómica na Venezuela é uma realidade insofismável para toda a comunidade internacional. A União Europeia, progressivamente, tem vindo a fazer valer o seu ponto de vista, orientada por uma perspetiva política e de desenvolvimento económico e não pela defesa dos interesses reais que alguns países da União têm naquela República Bolivariana. A verdade é que os vários esforços de mediação internacional não estão a produzir os resultados esperados e a polarização política tem aumentado, com a consequente degradação económica e social e agravamento dos atos de violência e de insegurança. Uma das consequências desta situação tem sido o regresso massivo de cidadãos da União Europeia, acompanhados, nos seus agregados familiares, de cidadãos venezuelanos. Esta forte migração, com origem naquele país da América do Sul, tem repercussões importantes no conjunto das políticas públicas: na educação, nos serviços de saúde e de segurança social, na habitação, entre outros. A ex

12-10-2018: 8!

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Amo-te infinitamente!

A HISTÓRIA DO MADEIRENSE LIBERTADOR DE PERNAMBUCO Opinião | 04/10/2018 08:50

Quando passa pelo Jardim Municipal, ali junto à Rua de São Francisco, já reparou no busto que ornamenta a pequena praceta? E já se perguntou de quem será? Pois bem, aquele é o busto de João Vieira Fernandes – da autoria de Costa Motta -, um herói brasileiro nascido na Madeira. De acordo com Veríssimo Serrão, João Vieira Fernandes “(...) se tornou uma personagem quase lendária da Restauração no Brasil. Nascido ao redor de 1610 na ilha da Madeira, era mulato e de origem humilde. Tendo emigrado para Pernambuco, ali exerceu pequenos mesteres até 1635, quando a proteção dos holandeses lhe fez adquirir alguns meios de fortuna. Pouco depois, era senhor de cinco engenhos, exerceu o cargo de vereador de Maurícia e obteve a contratação dos dízimos sobre o pau-brasil e o açúcar.” Esta versão, é, no entanto, contestada pelo Nobiliário da Ilha da Madeira, de Henrique Henriques de Noronha, que garante que o verdadeiro nome de Vieira Fernandes era Francisco de Ornellas, natural de Machic

ILHÉUS OU OS NOVOS TORNA-VIAGEM* Opinião | 06/09/2018 08:11

Jéssica da Conceição é uma jovem de 19 anos. Nasceu em St. Helier, Jersey, filha de pais madeirenses ali radicados. Os pais de Jéssica debandaram há mais de 20 anos, procurando condições de vida para si e para a família que pretendiam construir. Não se quiseram resignar à “vidinha mais ou menos” a que julgavam estar condenados se por cá ficassem. Queriam uma vida, uma vida boa - afinal, ambição legítima de todos nós! -que lhes permitisse possuir habitação própria, os carros dos seus sonhos, a possibilidade de viajar e conhecer mundo, o poder para financiar a excelência da educação dos filhos que haveriam de ter. Enfim, ambicionavam a liberdade financeira que esta ilha não lhes garantia. Por isso, partiram para outra (ilha), como tantos outros, atrás de sonhos tantas vezes sonhados. Entretanto, constituíram família e por lá foram ficando, naquele labor diário a que se dedicam todos aqueles que se mantêm firmes às suas ambições e que não estão dispostos a abdicar daquilo que

ÁFRICA DO SUL E O LEGADO DE MANDELA Opinião | 12/07/2018 15:16

Há alguns anos li a “Desgraça”, de J. M. Coetzee e fiquei com a sensação de que há uma história pós-apartheid, de violência, racismo, punição e expiação que ainda falta contar. Poder-se-ia dizer que “Desgraça” é a estória do declínio de um homem branco, um professor universitário, um intelectual, na África do Sul. E seria verdade. Mas o que é verdadeiramente relevante, neste livro, é a imagem da violência racial que parece manter-se naquele país. A violação da filha do professor Lurie não é um ato de violência de género. O ódio que ela vê nos rostos dos homens revela que eles “apenas” estão a cobrar aquilo que acham que têm direito. E fazem-no impunemente, não apenas porque as autoridades não são capazes de o impedir, mas porque parte da comunidade encobre os crimes. Há uma penitência para os brancos que querem viver na nação do arco-íris. E ninguém está dispensado de a pagar. Mas se impressiona a atitude de parte da comunidade perante este “castigo” que alguns acham que

DAS ILHAS, AS MAIS BELAS E LIVRES*

Por esse Mundo além Madeira teu nome continua Em teus filhos saudosos Que além fronteiras De ti se mostram orgulhosos. Por esse Mundo além, Madeira, honraremos tua História Refrão do Hino da Madeira Celebrou-se a 1 de julho o dia da Madeira e das Comunidades Madeirenses e ninguém o sente de forma tão intensa quanto aqueles que vivem fora da Região. O sentimento de pertença; a saudade da família, dos amigos, de todos aqueles que se deixou para trás; mas também a saudade das paisagens, dos aromas, dos sabores, do mar, exponenciam o orgulho de ser madeirense. Como filhos orgulhosos desta Região, os nossos emigrantes e os seus descendentes mantêm o cordão umbilical que os liga às suas origens e, de forma apaixonada, acompanham tudo o que diz respeito a estas ilhas. Não esqueço e o carinho com que netos e bisnetos de madeirenses, que emigraram para as ilhas do Mar das Caraíbas, redescobrem agora a terra dos seus antepassados. Ou o sorriso apaixonado que aflora

UNIÃO EUROPEIA E MIGRAÇÕES: O QUE NOS DISTINGUE? Opinião | 28/06/2018 08:50

Entre hoje e amanhã terá lugar um Conselho Europeu, em Bruxelas, onde os líderes europeus deverão tentar encontrar soluções para a crise migratória que assola a Europa. Sabemos que esta iniciativa apenas se deve ao atual clima de tensão e de desconfiança que existe entre diversos países, nomeadamente entre Malta e Itália, decorrente do jogo do empurra em que Roma e Valeta se envolveram, por conta do Aquarius primeiro, e, agora, do Lifeline, um outro navio que transporta mais de 200 migrantes e que nenhum porto italiano ou maltês aceita receber. Aliás, junto à Sicília está o Alexander Maersk, cheio de refugiados, que também ainda não obteve autorização para acostagem e desembarque. É, portanto, oportuna esta iniciativa e devia-se constituir como uma oportunidade para que a União Europeia defina onde se quer posicionar no que a estas crises diz respeito. Até porque não são uma tendência passageira. Com alargamento dos conflitos e dos movimentos terroristas que se embrenham c

NACIONALIDADE CELEBRADA COM A DIÁSPORA Opinião | 14/06/2018 08:26

As migrações são uma idiossincrasia do ser humano. Ocorreram em todas as fases da história da humanidade e a partir de todos os territórios onde estivemos. Assim, chegámos e povoámos todo o planeta. Mas sendo uma característica própria da humanidade, nem todas as nações constituem comunidades além-fronteiras. A mais conhecida será, talvez, a judaica que, devido à dispersão do seu povo, constituiu uma diáspora exilada, primeiro na Babilónia, no longínquo século VI A.C e, depois, pelo resto do Mundo Antigo. Outros casos conhecidos serão a Diáspora Grega, que se espalhou pelo Mediterrâneo e mais recentemente a Irlandesa, que povoou os Estados Unidos. Portugal, que, tradicionalmente, é uma terra de emigração, é simultaneamente a “Pátria das Comunidades”, como a designou Correia de Jesus, numa afirmação muito feliz. Pensar-se-ia: “mas uma terra de emigração é uma terra de diáspora”. De acordo com alguns estudiosos não é bem assim, uma vez que a definição de comunidade pressupõ

ALMA DE ESCRAVO | 17/05/2018 08:30

Na política madeirense, há quem, de facto, revele alma de escravo e esteja disposto a aceitar tudo o que lhe é imposto a partir do centralismo de Lisboa. As razões para que isso suceda são várias: alguns porque essa é mesmo a sua condição; outros porque lhes impuseram essa conceção e essa imagem de si próprios; outros, ainda, porque lhes parece ser esse o caminho para atingir o seu projeto de poder; e por fim, uns quantos que assim conseguem disfarçar a extraordinária flexibilidade da sua coluna vertebral. Recuemos à Grécia Antiga. Como filósofo sistémico (e com pensamento sistemático, mesmo que anacrónico), Aristóteles refletiu sobre quase toda a realidade do seu tempo. Para a posteridade deixou inúmeros argumentos que, ao longo dos anos, foram sendo interpretados e reinterpretados à luz dos contextos filosóficos, políticos, geográficos, históricos, culturais, ideológicos e até éticos. Como realidade premente da sua época, e porque também há 2400 anos na Grécia havia

DE SUBSÍDIOS, DIREITOS E DA TURBA JUSTICEIRA QUE ENFERMA AS REDES SOCIAIS Opinião | 19/04/2018 08:49

Sei que vou destoar da moralista e justiceira turba facebookiana e desiludir alguns dos que fazem o favor de ler estas linhas e irritar outros tantos. Mas um imperativo de consciência não me permite que este meu artigo seja sobre outro assunto. Vou escrever sobre a última polémica que incendiou as redes sociais: o alegado duplo subsídio que os deputados insulares estariam a beneficiar para as suas deslocações entre Lisboa e os seus círculos eleitorais. Conforme escrevia um amigo meu, a ética republicana é a Ética da República. Quer isso dizer que a ética republicana define um código de conduta socialmente reconhecido e aprovado, constituído por um conjunto de regras, normas e valores partilhados e consensuais entre os diferentes indivíduos que integram essa mesma República. Será, então, aquilo que poderemos designar por “moralidade” republicana, que nos compromete a todos e orienta o nosso comportamento. A ética republicana não pode ser confundida com a Ética, que nos

ESTAR PARA LÁ DO OCEANO… Opinião | 23/03/2018 08:10

Recentemente, tive a oportunidade de participar no programa “20 Anos para lá do Oceano”, emitido pelo canal naminhaterra.tv e que tinha como objetivo celebrar a Diáspora Madeirense. Ali tivemos um vislumbre do que são hoje os emigrantes madeirenses, bem como a diversidade de locais onde “estamos”. Tivemos intervenções em direto a partir de Singapura, Austrália, Brasil, África do Sul, Estados Unidos e Reino Unido. Mas poderíamos ter tido de muitos mais locais: das Antilhas, das Guianas, da nossa querida Venezuela, de diversas ilhas do grande mar das Caraíbas, do Havai, da China, do Japão, enfim… Porque a verdade é que hoje estamos espalhados literalmente pelos 4 cantos do Mundo. Nalguns casos, uma emigração mais antiga, com comunidades organizadas e integradas; noutros, migrações e mobilidades proporcionadas pelas dinâmicas decorrentes da Globalização. Em muitos destes novos destinos ainda não temos comunidades propriamente ditas, mas temos já um número de emigrantes qualifica

Projetos políticos ou clubes de fãs?

Opinião | 22/02/2018 08:47 Nasceu um novo projeto político que pretende ser poder na Região e que tem como única matriz identitária, ideológica, doutrinária ou programática, ser “Pelas Pessoas”. Aqui, neste grande cliché panfletário e propagandístico, ótimo chavão para publicidade, mas vazio de conteúdo, reside todo o programa da solução. Vamos ter uma educação para as pessoas, uma saúde para as pessoas, uma economia para as pessoas, uma autonomia para as pessoas, uma agricultura para as pessoas, um turismo para as pessoas, enfim… Como se todas as decisões políticas, de todos os outros partidos, pudessem ter outro destinatário que não as pessoas. É um chavão, sim, mas um chavão arrogantemente pateta e pretensioso. Com que recursos, acionando que meios, como, fazendo que opções, com vista a que objetivo, em quanto tempo, por quanto tempo, que projeto de sociedade preconiza, recorrendo a que orientação ideológica, nada disso importa. Mas, como se não bastasse este soundbite 

"Somos guardadores e exportadores de espanto"

Opinião | 25/01/2018 00:44 Não, caros leitores, o título não é meu. Gostaria que fosse, mas não é. Foi uma lindíssima expressão que José Tolentino Mendonça nos deixou quando cá esteve, naquele que foi para mim um dos grandes acontecimentos de 2017, a sua conferência no Fórum Madeira Global. Neste evento, a reunião magna anual das Comunidades Madeirenses, que tem como princípio fundamental garantir uma maior participação dos nossos conterrâneos espalhados pelo mundo e prestar assessoria ao Governo Regional no quadro da definição das políticas para o sector, o padre e poeta brindou todos os presentes com um elogio absolutamente único à sua terra-natal. Deixou-nos uma das mais belas laudes à Madeira que tive oportunidade de assistir ou de ler. Porque descreveu na perfeição aquilo que tantos de nós sentem na relação com esta terra que nos viu nascer. “A Madeira é um útero, um vácuo cósmico onde o tempo não corre, o colo de um vulcão maternal.” É, temos da Madeira a imagem antro

Olifaque, ou uma sociedade que vive entre o medievalismo e a hipermodernidade

Opinião | 28/12/2017 08:08 Há dias, a propósito do lançamento do seu mais recente livro – Olifaque! –João Magueijo afirmava que o povo português mantinha algumas características tipicamente medievais. O físico e investigador justificava esta sua afirmação pelas inegáveis manifestações que persistem na sociedade portuguesa: índices excessivamente elevados de violência doméstica e de género; fraco reconhecimento da importância da educação/formação e níveis de iliteracia elevados; racismo e xenofobia; machismo; manifestações de agressividade e de brutidade mais ou menos recorrente. Magueijo sustenta esta posição não apenas pela observação que faz em Portugal, mas especialmente pelo que diz observar nas comunidades portuguesas, nomeadamente na do Reino Unido (onde reside) e na do Canadá (onde viveu durante dois anos). Passando algum exagero que reconheço ao autor, a verdade é que diariamente os meios de comunicação social nos mostram uma realidade que parece coincidir com aquel